Arquivo Mensal janeiro 2014

Sartre e o cinema: crônica de um fracasso anunciado – Julio Cabrera

Como é sabido, Sartre tentou várias vezes aproximar-se do cinema. Em 1931, Simone De Beauvoir disse: “Havia um modo de expressão que Sartre colocava quase tão alto como a literatura: o cinema”. Na sua estada no Brasil em 1960, Sartre considerou o cinema mudo como “uma maravilhosa escola de compreensão, hoje desaparecida”. Desde “Les jeux sont faits”, de Jean Delannoy, de 1947, até “Le mur”, de Serge Roullet, de 1967, passando pelo “Os condenados de Altona” de Vittorio de Sica, de 1962, diversos textos de Sartre foram levados para o cinema. Grandes nomes do cinema (como John Huston, Vittorio Gassman, De Sica) estiveram ligados a alguns destes projetos, mas não adiantou, nenhum deles acabou num filme memorável. O amor de Sartre pelo cinema não foi correspondido.

A mi...

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FORA DA LEI E A LEI SE FAZ – 2010 – Bemvindo Sequeira

Noite destas vi um filme muito bom, interessante, sobre três irmãos argelinos e a sua luta pela libertação da Argélia do jugo da colonização francesa: “Os Fora da Lei”

Vale lembrar que os colonialistas franceses foram dos mais desumanos, se é que podemos dizer assim. Basta recordar que no auge da guerra de libertação da Argélia para poupar balas o Exército Francês passava com caminhões sobre os prisioneiros.

Mas ao ver o filme caiu-me a ficha que todas as lutas de libertação dos povos  são, mais cedo ou mais tarde, vitoriosas.

É muito curioso este fato.

Os tiranos lutam, massacram os revoltosos, massacram seu povo,  como ocorre agora na Síria, e ao final a vitoriosa liberdade chega.

Na história dos povos não conheço nenhum que em perseverando não tenha conquistado a s...

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O mal estar na civilização chinesa – 2013 – Arilson Favareto

Jia Zhang-Ke é visto por muitos como um dos mais importantes diretores de cinema da atualidade. Ele só teve apoios estatais para suas produções após ter filmado de forma independente e se tornar conhecido como um jovem talento. Dois de seus filmes mais recentes (infelizmente não vi outros) são excelentes retratos críticos da sociedade chinesa contemporânea. E, se é possível algum paralelo com o Brasil, este poderia ser assim expresso: não se deve invejar o crescimento econômico chinês.

Num filme anterior, o belíssimo “Em busca da vida”, premiado no Festival de Veneza de 2006, a construção da Hidrelétrica de Três Gargantas, a maior do mundo e símbolo do gigantismo do país, serve como pano de fundo para mostrar como a modernização chinesa não afeta de maneira unívoca a vida ...

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